O complexo esportivo do Alameda no esporte mineiro

Por Ives Teixeira Souza


Esta é a quarta parte da reportagem sobre o Estádio Alameda.
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Como parte do acordo firmado com a Prefeitura de Belo Horizonte, a nova estrutura esportiva do América Futebol Clube, o Alameda, que foi construída em substituição à anterior, para a ampliação do Mercado Central, deveria manter uma praça de esportes.

A nova praça esportiva, que foi inaugurada em 07 de setembro de 1928, manteve o América como referencial para a prática de esportes na cidade, como natação, tênis, basquetebol, trampolim acrobático, dentre outros.

Uma das primeiras revelações do clube, ainda nos anos 1930, foi Juvenal dos Santos. “Quando eu jogava futebol no América, ele ficava correndo em volta do campo o tempo todo, em uma pistinha”, relembra o presidente de honra do América, Afonso Celso Raso. O atleta que treinava em volta do gramado foi um dos principais fundistas do Brasil, sendo, posteriormente, conselheiro do clube.




Juvenal dos Santos, em competição. Fonte: Enciclopédia do América

Definido por Carlos Paiva, na Enciclopédia do América, como “um negro, magrinho, de estrutura frágil e origem humilde, fazendo do atletismo verdadeiro sacerdócio”, Juvenal, em 1934, ficou em segundo lugar na corrida de 1500 metros do Campeonato Brasileiro de Atletismo. Dois anos depois, o atleta foi o primeiro atleta de um clube mineiro a participar de uma Olimpíada, o que ocorreu na Alemanha, em 1936, correndo nas provas de 800, 1500, 5.000 e 10.000 mil metros rasos.

Os esportes de Afonso Raso

Dono de um invejável currículo entre as atividades esportivas amadoras realizadas no Alameda, Afonso Celso Raso conta que foi levado, junto ao seu irmão Pedro, para nadar no América pelo primo, Silvio Raso, que era professor de Educação Física e nadador. “A minha lembrança do Alameda começa aos 7 anos de idade, quando eu comecei a nadar pelo América, em 1940.” A dedicação do menino era tanta que logo foi convocado para integrar a equipe de natação infanto-juvenil de Minas Gerais, com chamada publicada no jornal oficial do Estado.




Afonso Celso Raso relembra histórias do Alameda – Fotografia: Lucas Sousa

Também representando os esportes praticados no Alameda, Afonsinho participou das seleções mineiras juvenis de futebol e basquetebol, além da seleção principal de futebol de salão. “O América teve boxe, esgrima, handebol, voleibol masculino e feminino, tênis”, conta. Mas as mudanças na administração do clube impediam o prosseguimento das atividades. “Por exemplo, eu jogava futebol de salão e o time do América era bicampeão mineiro. Na final de mais um campeonato, contra o Atlético, o presidente publicou que tinha acabado o departamento. Aí nós compramos um jogo de camisa e fomos jogar, mas já com o departamento extinto”.




Afonsinho, em 1953, com a camisa americana Fonte: livro Esquina dos aflitos

“Não tinha ginásio, quadra coberta no Alameda. Então, quando chovia não havia treino ou jogo”, recorda Raso, que também foi treinador da equipe de futebol de salão. O sucesso do time de salão era tanto que torcedores de clubes rivais ao América participaram do plantel. “Afonso Paulino e Ziza Valadares, presidentes do Atlético Mineiro, jogaram salão no América”, afirma.

Outro presidente do rival Atlético, Elias Kalil, também praticou esporte no Alameda, de acordo com Raso, ao fazer parte da equipe de basquete do América. Esporte com maior destaque no clube nos anos de 1940, quando a equipe de futebol não estava profissionalizada, o basquete alamedino dominava o cenário do esporte em Minas Gerais, sendo octacampeão mineiro, entre 1943 e 1950. Além de ganhar outros títulos, como o campeonato mineiro de basquete juvenil e o da segunda divisão; e um torneio internacional, na Argentina. “O basquete octacampeão era um timaço. Tenho na cabeça até hoje: Joãozinho, Dute, Silvinho, Stropiana, Baldonedo”, evoca o apaixonado pelo esporte, Afonso Celso Raso.