Campos Invisíveis é um projeto jornalístico sobre os antigos estádios de Belo Horizonte. Um percurso que vai dos primeiros matches disputados na capital até o surgimento dos grandes estádios. De tempos em que o futebol belo-horizontino era praticado na área central, com as mais importantes taças sendo erguidas nos limites da Avenida do Contorno.
Por mais de meio século, os clubes da cidade possuíram seus próprios estádios. Pouca gente sabe, mas o famoso 9 a 2 aconteceu em um campo na Avenida Augusto de Lima, onde hoje fica o Mercado Central. São poucos os que se lembram, então, que Tostão fez seu primeiro gol pelo Cruzeiro jogando em um estádio no Barro Preto.
Neste meio tempo, o que se perdeu foi a memória. Estes campos são, hoje, invisíveis, pois foram derrubados para a construção de empreendimentos diversos, com pouca ou quase nenhuma ligação com o futebol. Quando se fala em progresso, nada pode ser mais importante. E é justamente aí que a memória se esvai.
A nossa proposta é lançar uma lupa sobre as antigas canchas belo-horizontinas, elucidando as histórias que se passaram dentro daqueles que um dia foram os principais palcos do futebol da cidade.
O trabalho tem orientação de Carlos d’Andréa e Enderson Cunha.
Este projeto só foi possível graças às contribuições de Afonso Celso Raso, André La Rocca, Benito Fantoni, Benito Fantoni Jr, Breno Sousa, Coleção Linhares/ECI - UFMG, Déa Januzzi, Divisão de Coleções Especiais/Biblioteca Universitária da UFMG, Georgino Neto, Hemeroteca Histórica/Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Museu Histórico Abílio Barreto e Ronaldo Inácio.
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Carlos Oliveira acredita que nunca foi só um jogo. Envolveu-se tanto com as histórias do estádio JK que chegou a sonhar que assistia a matches no campo cruzeirense. Tem a certeza de que o futebol brasileiro é maltratado por gente que não entende bulhufas do esporte - e que retira dos estádios seus mais fiéis frequentadores.
Ives Teixeira Souza entende que o futebol é um ótimo objeto para compreender o Brasil e suas relações sociais. Indignado com o “dinheiro do Otacílio” - um simples tostão quando comparado aos estádios da Copa do Mundo de 2014 e as isenções fiscais concedidas aos clubes - e tantas outras benesses justificadas em prol do “povo brasileiro”.
Gabriel Amorim considera o esporte uma das mais pujantes representações sociais e o futebol é o ápice disso. Passando pela falta de interesse de alguns clubes em ajudar e por entrevistas surpreendentes, reforçou o seu pensamento de que se voltar para a história da modalidade é fundamental para o sucesso de qualquer time e do futebol como um todo.
Lucas Sousa guarda ingressos antigos, não admite a corneta da torcida durante os 90 minutos, repudia a elitização dos estádios e tem ótimas memórias dos tempos das arquibancadas de cimento. Já não enxerga o Centro de Belo Horizonte como um amontoado de prédios, mas o percorre tentando imaginar os diversos campos que um dia estiveram ali.